quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

SOBRE CARINHO E AFETO
Trabalho há treze anos numa escola pública de horário integral e já há algum tempo venho observando a rotina dos pais de nossos alunos, que nos entregam seus filhos às oito da manhã e voltam para buscá-los às quatro da tarde, quando já estão ansiosos para retornar aos seus lares. Senhores e senhoras aflitos de saudades, correm de braços abertos na direção de seus filhos...
Visite o site da revista "Cronicas Cariocas" e leia na íntegra a crônica "Sobre carinho e afeto", escrita por Elano Ribeiro Baptista.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

O amor, a distância e o tempo
(crônica de Elano Ribeiro Baptista, publicada na revista eletrônica "Crônicas Cariocas")
“Fui andar pelo jardim do Amor,
e o que vi não era esperado:
Vi uma Capela no lugar
Onde antes eu brincava no gramado...”
(Fui andar pelo jardim do Amor – William Blake)


Não faz muito tempo, tomei conhecimento por intermédio de um amigo, da interessante história de seu tio. Um senhor simples, morador do interior do Rio de Janeiro, que conheceu na década de quarenta uma mulher do estado do Paraná, através de uma espécie de Correio Sentimental, que vinha junto de uma das revistas da época. Esse homem trocou correspondências apaixonadas – cheias de revelações, segredos e desejos – com a tal mulher por cerca de quarenta anos, vindo a falecer em 1980 sem nunca ter conhecido o seu grande amor. – Era assim que ele se referia à “amante” distante. Épocas mais românticas, em que se esperavam semanas pela chagada da tão esperada carta, que vinha quase sempre em papel perfumado. Nesse caso, o amor venceu a distância, ainda que não realizado fisicamente. Mas, e se os dois tivessem tido coragem e oportunidade de largar cada qual sua família, jogar tudo pro ar, e fossem viver juntos? Teriam conseguido superar o tempo e suas armadilhas?

Passamos boa parte de nossas vidas procurando um grande amor. Aquele que nos fará feliz e nos completará plenamente. Sonhamos com alguém que goste das mesmas coisas que gostamos, que tenha sempre um sorriso estampado no rosto, que não acorde de mau humor e esteja o tempo todo atento aos nossos desejos. Essa outra pessoa sem defeitos, idealizada por nós, com certeza não existe. Mas mesmo assim, num determinado momento, vamos encontrar alguém que colocará um brilho diferente em nossos olhos e, cheios de convicção, diremos: - eu te amo.

Aí vem a convivência diária e a percepção de que há do outro lado um alguém com vontade própria e que, certamente, também espera que sejamos perfeitos. No jardim do amor, que imaginávamos apenas existirem flores, há também diversos tipos de espinhos. Naturalmente surgirão os conflitos, as acusações, as cobranças. – E que bom que é assim. Já imaginaram como seria chata uma relação em que houvesse concordância em tudo? – A maioria dos casais irá, através do diálogo, superar esses obstáculos, essas discordâncias. Porém, o dia-a-dia de uma relação não é uma coisa fácil, e para alguns, o tempo se tornará um inimigo cruel, tornando o convívio desgastante e insuportável, levando o casal ao extremo, ou seja, a separação.

Provavelmente, ansiando por mais individualidade e fugindo de uma possível rotina, vem crescendo a cada ano um novo tipo de união, em que duas pessoas se assumem como casal, mas optam por viver em casas separadas. Talvez alguns encarem essa atitude como a única alternativa capaz de salvar uma relação em que ainda existe amor, mas já não há a mesma sintonia, tolerância e compreensão de antes. O tempo mostra suas terríveis garras e tudo passa a ser motivo para uma explosão de desentendimentos, mesmo quando os tais motivos parecem ser extremamente banais: o sapato esquecido no meio da sala, a tolha molhada em cima da cama, a música alta demais, o ronco desagradável, e por aí vai.

Não acredito, e nem acho que existam receitas prontas para se viver um grande amor. Quando escolhemos alguém para ficar ao nosso lado, não podemos esperar que ele ou ela venha acompanhado de uma bula contendo a indicação dos efeitos colaterais do casamento. Se a união será um “até que a morte nos separe”, se faremos bodas de ouro ou, “morreremos na praia” após atravessarmos um oceano de ilusões e expectativas, isso ninguém sabe. Mas, independente de todas as incertezas, dificuldades, de se estar perto ou longe, o importante é não deixarmos de acreditar e buscar a cada dia, esse que é o mais nobre dos sentimentos e, como costumo dizer, o maior de todos os Deuses: o AMOR.

Elano Ribeiro Baptista

LIRAS DRAMÁTICAS


(novo livro de João Pedro Roriz)
João Pedro Roriz publicará seu segundo livro de poemas em 2007. Intitulado "Liras Dramáticas", trata-se de um apanhado de 42 poemas de caráter erudito com a proposta mais subjetiva do que o primeiro livro "A Poesia Teatral" (Ibis Libris, 2006). Nesse novo volume, o autor mantém o caráter lírico que lhe é peculiar, mas se deixa apanhar pelas emoções próprias, entoando na delicadeza dos versos o que há de mais triste e belo nesse mundo de detalhes tantas vezes inexpressivos aos olhares comuns.
As vendas antecipadas já começaram. Ao comprar um livro antecipadamente por apenas R$ 15,00, o leitor poderá levar outros exemplares por mais R$ 5,00 cada. Os compradores receberão recibo e terão os seus contatos anotados. Assim que o dia do lançamento for marcado, os clientes serão avisados e receberão as intruções para a retirada do produto. Para comprar o seu exemplar, mande um e-mail para o autor: jproriz@gmail.com ou entre em contato pelo telefone (21) 2285-1355.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Arlequins, Pierrôs e Colombinas, lá vem o carnaval.
(crônica publicada no dia 01/02/2007 na revista eletrônica "Cronicas Cariocas": www.cronicascariocas.com.br)



Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece. A minha parece que foi ontem, lembro de todos os detalhes: o vestido vermelho estampado de borboletas, a peruca ruiva, a bolsa tiracolo bege, o batom café, a meia-calça com fio puxado. Ah sim, do sutiã também, como poderia me esquecer dele? Não tive muitas dificuldades com o vestido e demais acessórios, a exceção da meia-calça, que me deu certo trabalho. Foi num domingo de carnaval. E como mãe não enxerga defeito nos filhos, a minha teve coragem de dizer que eu estava lindo travestido de mulher.

Encorajado por um grupo de amigos, apossei-me desses apetrechos e lancei-me plenamente no mundo do carnaval, que até então eu só assistia. Era o primeiro de muitos em que eu iria arrastar as sandálias por quilômetros, atrás de um bloco apinhado de pessoas caracterizadas das mais diversas, estranhas e divertidas maneiras. Graças a esse universo colorido e mágico, pude “descobrir” a música popular brasileira, em especial, o samba. Comecei a deixar de lado meus discos de roque progressivo e dar mais atenção às belas letras – verdadeiras poesias – de grandes mestres e compositores como Cartola, Carlos Cachaça, Noel Rosa, Paulinho da Viola e tantos outros. Passei a preferir mil vezes o som de um tamborim ou de um surdo de marcação, ao de uma guitarra metaleira.

Além dos sambas-enredo da Mangueira, havia um que me deixava extasiado, fazendo com que eu lançasse meus braços ao alto e soltasse a voz com toda força: “Vejam esta maravilha de cenário/ é um episódio relicário/ que o artista num sonho genial/ escolheu para este carnaval/ e o asfalto como passarela/ será a tela do Brasil em forma de aquarela/ passeando pelas cercanias do Amazonas/ conheci vastos seringais...”, se ainda houver alguém que desconheça essa pérola do samba, eu apresento agora: Aquarela Brasileira (Silas de Oliveira).

Mesmo hoje, que já não tenho mais o pique de anos atrás para suportar uma maratona carnavalesca, não resisto ao som de uma bateria bem ritmada, marcando a cadência do samba. Se já aposentei o folião que havia em mim, restou algo que inconscientemente reage aos acordes dos tambores, fazendo com que meus pés se movam na direção das ruas por onde passam milhares de pessoas em busca de uma mesma coisa: diversão.

Festa pagã? Não. Pra mim e para a maioria das pessoas, festa da alegria, das Colombinas, dos Arlequins e dos Pierrôs. Todos prontos para brindar a vida. Se o carnaval está repleto de paixões – em muitos casos irresponsáveis – que só duram quatro dias, mas deixam seqüelas irreversíveis, também há muito mais histórias de casais que se encontraram durante a passagem de um bloco e estão juntos há anos. Vidas que se entrelaçaram com amor, confetes e serpentinas.

Elano Ribeiro Baptista
Janeiro de 2007.

Bem vindos ao blog

"Diário de Bordo & A Poética Crônica dos Contos"


Meus caros amigos, numa semana marcada pela barbárie cometida contra o menino João - mais uma vítima da violência que assola não só o Rio de Janeiro, mas todo esse nosso belo e injusto país- inicio meu blog com um pedido de PAZ, AMOR e JUSTIÇA.