terça-feira, 19 de junho de 2007

"Nós perdemos o direito de morrer"
(crônica de Elano Ribeiro Baptista, nessa quarta-feira no site da revista "Cronicas Cariocas" - www.cronicascariocas.com.br)
"Era a primeira vez que eu me encontrava no corredor de um centro cirúrgico de algum hospital, mas acredito que não fosse muito diferente de qualquer um outro ou, pelo menos, da maioria. As paredes – desnudas de quadros coloridos – pintadas de branco, luz fraca e amarela, poucos médicos e enfermeiros circulando de “caras fechadas” dando sempre a impressão de que alguma coisa não está dando certo dentro daquelas salas, um silêncio ensurdecedor e, frio, muito frio. Numa questão de segundos o silêncio foi quebrado por um choro estridente, trazendo junto um calor que aquecerá para sempre o meu coração. Nascia João Pedro, meu filho..."
acesse o site da revista "Cronicas Cariocas" e leia essa crônica na íntegra.
Porque que a gente é assim?
(crônica de Elano Ribeiro Baptista, publicada na revista "Cronicas Cariocas" - www.cronicascariocas.com.br)

Há algum tempo que venho prestando mais atenção em certas notícias que são publicadas nos jornais impressos e eletrônicos sobre atos cometidos por nós, seres considerados pensantes. Ah, e normais também. Resolvi, então, “colecionar” alguns desses absurdos que a imprensa escrita nos apresenta. Tem de tudo um pouco. Experimentem fazer esse “exercício masoquista” (e sádico, para alguns) e todos irão concordar comigo, pelo menos em um ponto: é impossível entender a mente humana.

Eu até pensei em perguntar a uma amiga minha, que é psicóloga, porque o ser humano é capaz de cometer atitudes tão bizarras, insensatas e descabidas como as que eu vou relatar a seguir. Mas, cheguei à conclusão que nem um encontro internacional dos profissionais dessa área, junto com psiquiatras, terapeutas e outros doutores mais, conseguiriam me dar alguma explicação convincente. É muito provável que eles dissessem haver uma resposta para tudo. Apresentariam teses, estudos intermináveis, e mais um catatau de livros sobre o assunto. Mas, com certeza, tudo não passaria de teoria, pois na prática, ninguém entende a mente doentia, sarcástica e desajustada de certos seres humanos – todos racionais? Acho que não.

A grande maioria de nós acredita em Deus, mas não dispensa uma simpatia ou mandinga e, é claro, estamos sempre presos a algumas superstições. Passar embaixo da escada dá azar. Espelho quebrado dá azar. Pé de coelho dá sorte. Mas, se, por exemplo, você for à Bolívia, pode radicalizar: na capital, La Paz, é possível comprar uma múmia de um feto de lhama. As “bruxas” – mulheres que vendem de tudo no Mercado de Feitiçaria e Artesanato – do local, garantem que pagando cerca de R$ 4,00 por um FETO pode-se ter muita sorte. Será que, comprando um amuleto desse porte, Deus irá de alguma forma atender mais depressa aos nossos pedidos?

Talvez, se duas irmãs da cidade de Santa Bárbara d’Oeste, no estado de São Paulo, tivessem enterrado um feto mumificado de lhama no quintal de casa, não precisassem passar seis anos juntando dez toneladas de material para ser vendido, afim de ganhar uns trocados. Pode ser que o dinheiro caísse do céu, ou melhor, brotasse do chão onde a múmia do pobre animal foi sepultada. Dessa forma poderiam evitar o acumulo de, repito, dez toneladas de lixo, dos mais variados. Roupas, utensílios domésticos, garrafas plásticas, etc. – tudo amontoado pelos cômodos da casa que, passou a ser habitada também por ratos e baratas.

Acumulo de lixo parecido com algumas matérias de – em minha opinião – puro sadismo, publicada em jornais e revistas. É o caso, por exemplo, de uma reportagem da revista Superinteressante, na edição de abril desse ano. A matéria apresentava ao leitor os diversos tipos de pena de morte que são usados atualmente, um desfile de “informação” que começa com o apedrejamento e termina com a decapitação. Tem estilo de morte e tortura pra atender ao gosto de todo tipo de sádico. Com muita boa vontade podemos ver as duas páginas que tratam do assunto como uma fonte de pesquisa. Mas daí a revista especificar como a vítima morre e o grau de sofrimento que passa o sujeito – baixo, mínimo, médio e máximo – é sem dúvida, sadismo dos bons.

Pena de morte que eu já achei a melhor solução para criminosos impiedosos, mas hoje vejo que quem comete barbáries com um outro ser humano, não está preocupado se vai morrer. Pelo contrário, essa pode ser a melhor saída para o indivíduo. Os Estados Unidos usam e abusam desse artifício e, nem por isso, os assassinos de lá desistem de seus objetivos. Volta e meia aparece um louco invadindo alguma universidade ou escola e mata um monte de pessoas inocentes que não tinham nada a ver com seus “traumas” e “problemas existenciais”. Se daqui a alguns bons anos a gente ouvir dizer que mais um jovem cometeu um crime como esse, não vai ser surpresa nenhuma. Semanas atrás li algo que, jamais pensei ser possível. Aconteceu em Chicago. Um avô deu de presente ao seu neto de dez meses um revólver. O pai da criança, não satisfeito com esse ato absurdo, foi registrar a arma no nome do garoto. Para completar a total bizarrice, as autoridades aceitaram o pedido. Veja só, um bebê de dez meses tem porte de arma, com direito a carteirinha com foto.

E olha que as notícias desse tipo, não estão apenas nos jornais, distante da vida de cada um de nós. Uma amiga e também colega de trabalho, me contou dias atrás a história de um garoto de onze anos de idade, filho de um sobrinho dela. O menino só faz desenhos de monstros ou figuras indecifráveis, porém, assustadoras, todas pintadas de preto. Os desenhos animados preferidos dele são os japoneses, aqueles horríveis, em que a coisa mais normal é se ver sangue rolando pra todo lado. Pois bem, querem saber de dois presentes que esse inofensivo – por enquanto – garoto ganhou de seus pais? Eu lhes conto: uma espingarda e uma espada. Espada mesmo, de verdade, de aço cortante. Com toda certeza, esse jovenzinho deve se gabar na escola, na frente de seus colegas, de possuir tais artefatos. Fico imaginando se um outro garoto tem uma daquelas briguinhas bobas de infância com esse jovem rapaz de 11 anos, e este decide resolver o problema com sua poderosa espada. Afinal, ele pode imaginar que, assim como nos desenhos japoneses, quase todos aqueles que morrem, acabam ressuscitando. Ah, Freud, me explica: porque que a gente é assim?

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Pra quem gosta do Rubem Alves

Amigos leitores: na edição de nº 20 da Revista da Língua Portuguesa tem uma entrevista muito interessante com o escritor, teólogo, psicanalista e ex-professor de filosofia da Unicamp Rubem Alves.



acesse o site da revista: www.revistalingua.uol.com.br

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Você sente saudades?
(crônica de Elano Ribeiro Baptista, publicada na revista "Cronicas Cariocas" - www.cronicascariocas.com.br)


Eu sinto. Tenho saudades da minha infância toda vez que vou à casa de minha mãe e olho aquele imenso quintal que, outrora, foi repleto de árvores frutíferas, onde eu brincava com meus amigos de polícia-e-ladrão e pique - esconde. Entre tantas árvores, havia uma ameixeira enorme, de galhos longos e fortes, o que me possibilitava chegar até a ponta deles e balançar ao sabor do vento. Essa árvore era na minha fértil imaginação de criança, um veleiro que singrava os mares, um helicóptero que me colocava dentro das nuvens, ou ainda, uma caverna que me abrigava nos momentos de tristeza, em que a única coisa que eu queria, era ficar sozinho. Sim, meus amigos leitores, às vezes, até as crianças sentem vontade de ficar sozinhas.

Tenho saudades da casa dos coelhos, que eu visitava com meu pai todos os dias e, pacientemente, alimentava um a um com uma pequena cenoura. Tenho saudades de meu pai. Do dia em que ele me levou numa loja para comprar minha primeira bicicleta, das manhãs de domingo em que íamos lanchar numa doceria e voltávamos pra casa de mãos dadas e de todos os sábados em que eu o levei para passear na sua cadeira de rodas – foi justamente nessa época que nos tornamos mais amigos e menos pai e filho, mas isso eu conto numa próxima crônica. Tenho saudades do colo de minha mãe, colo mesmo, aquele que só temos quando somos bem crianças.

Recentemente, assistindo a um programa de TV, vi uma atriz – que agora não me recordo o nome – perguntar ao multifuncional Marcos Caruso (ator, diretor, roteirista) se ele sentia saudades de algum personagem que havia interpretado? Ele respondeu que não sente saudades de nada. Na hora, fiquei na dúvida se ele se referia apenas aos seus personagens, ou se também estava colocando naquela resposta tudo o que ficou pra trás na sua “vida real”. Achei melhor fechar com a primeira hipótese, pois, creio eu, ser improvável que alguém consiga viver sem sentir saudades.

Como não sentir saudades da primeira namorada; do primeiro beijo; do primeiro “eu te amo” que alguém nos falou? Ah, impossível. Os anti-saudosistas que me perdoem, mas – parodiando Vinícius de Morais -, saudade é fundamental. Esse sentimento nos transporta para momentos de grande alegria, ou, nos coloca novamente “ao lado” de pessoas que, de alguma forma, nos fizeram felizes e, por um desses caprichos do destino, nunca mais vimos ou sequer ouvimos falar. E, já que citei Vinícius, quantos poetas e compositores já não pegaram carona na saudade?

O próprio “Poetinha”, junto com Tom Jobim apelou para que a tristeza pedisse em prece a volta da amada, em “Chega de saudade”. Numa parceria com Hermano Silva, o grande mestre Vinícius perguntou de forma poética: “-E por falar em saudade, onde anda você, onde andam seus olhos que a gente não vê?...”. Mesmo não sendo apreciador do estilo sertanejo, não posso deixar de citar a imensa quantidade de músicas cantadas com esse tema, por diversas duplas. Essa turma é campeã em pedir, cheios de nostalgia, a volta da mulher amada. Uma delas chegou inclusive a afirmar que, “a saudade é um prego e o coração é um martelo”.

Certa vez, recebi uma carta de alguém que na época era uma ex-namorada e hoje é minha esposa. Estávamos separados por milhares de quilômetros e cheios de saudades um do outro. Depois de anos de namoro optamos por viver coisas novas, porém, cada qual ao seu modo e, pra isso acontecer, não podíamos mais ficar juntos. Quando percebemos que nós nos completávamos, recebi a tal carta que citei acima e, num determinado trecho, Laura pegou emprestado um pouco da saudade de Vital Farias, e escreveu o seguinte: “Não se admire se um dia, um beija-flor invadir a porta da sua casa, te der um beijo e partir, fui eu que mandei o beijo, que é pra matar meu desejo, faz tempo que não te vejo, ai que saudade de ocê...”

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Porque que a gente é assim?

crônica de Elano Ribeiro Baptista, nessa quarta-feira no site da revista "Cronicas Cariocas"

acesse: www.cronicascariocas.com.br

sexta-feira, 1 de junho de 2007


Meus caros amigos e leitores deste blog, lhes apresento meu maior e mais belo sonho:

meu filho JOÃO PEDRO