terça-feira, 30 de outubro de 2007

Rio da VIDA
(por Andrea Rodrigues Duarte - Dea)

Como é interessante o rumo tomado por nossas vidas.
Passamos por momentos, ou melhor, períodos em que somos apenas um pequeno rio com todas as suas restrições e limitações.
Os dias se passam e com ele nos levam toda nossa força e esperança por dias melhores.

Porém, quando menos se espera aquele pequeno rio parado por todas as forças da natureza se encontra com uma imensa onda de renovação. O que nos leva para novos rumos e novas paisagens.

O tempo teima em passar de forma lenta, tornando toda aquela euforia novamente em calmaria.
Aquele pequeno rio nunca antes navegado, agora é palco de grandes tormentas e intensas tempestades.

Após tamanha introspecção da se inicio ao período mais esperado de toda temporada. Inúmeros barcos vindos das mais diversas partes do mundo se acomodam, se preparando para a grande hora.

Em frações de segundos o rio, agora mar, se encontra coberto por imensas redes vindas de todas as direções.
Após uma intensa luta entre gigantes todos se afastam.

O dia torna-se noite, a calmaria e o silêncio se apoderam do solitário mar. Os dias passam, semanas, meses, anos.
O mar agora sem forças acaba por se entregar ao oceano.
Em uma verdadeira comunhão renascem novamente com toda força.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Papai Noel existe
(por Elano Ribeiro)
“Nossa, como o tempo passou depressa.” Fiz essa afirmação ontem, ao folhear uma revista, e nela encontrar uma propaganda de um shopping anunciando a abertura oficial do Natal, com seu símbolo-mor: Papai Noel. Nada de Jesus Cristo, mensagens de paz e amor, esperança... O que vale para o comércio é o saco cheio de presentes do bom velhinho.
Sempre gostei das festas de fim de ano. Descobri aos doze (“tardiamente”, dirão os “adultos” precoces de hoje) que Papai Noel era mamãe e papai. Ambos de carne e osso. Mas foi uma descoberta sem traumas, muito tranqüila. Tive a felicidade de sempre ganhar bons presentes, mesmo quando não era exatamente aqueles que eu havia pedido. Meus pais me davam alguma explicação – que eu não me lembro qual era – pela substituição dos presentes que eu havia pedido, e ficava tudo certo.
Porém, durante um bom período da minha vida, eu vivia dizendo que quando tivesse um filho, não deixaria que ele acreditasse na existência daquele bom velhinho que não se esquece de ninguém. Seja rico ou seja pobre, o velhinho sempre vem? Não, pros pobres ele nem sempre aparece. Ele pode surgir com uma bola de plástico, com uma imitação distante da Barbie ou com aqueles joguinhos eletrônicos, tamanho miniatura, que a criança enjoa em dois tempos. Mas, Playstation, bicicleta de 21 marchas com aro de alumínio ou as Barbies de verdade, esses, são presentes pra poucos.
Essa ilusão, de que o Papai Noel trará aquele tão sonhado presente, é que sempre me pareceu injusta. Não acho que um vídeo game de última geração possa fazer uma criança mais feliz do que um pião de madeira. Mas, com certeza, pra qualquer criança, o sonho do presente perfeito não está no pião. “Porque Papai Noel lembrou do meu amigo e esqueceu de mim?”. Essa é a pergunta que muitas crianças fazem no dia de Natal.
Mas, como as nossas idéias mudam quando nos tornamos pais... Sempre me disseram isso, e é a mais pura verdade. Depois de muito pensar a respeito, vou deixar, sim, que meu filho acredite na doce ilusão do Papai Noel. A criança precisa conhecer a sua realidade, mas também precisa dos sonhos – mesmo que às vezes eles sejam impossíveis de serem realizados – e da magia. Não acho que eu tenha o direito de tirar de João Pedro a maravilhosa ilusão da chegada do bom velhinho. A carta com os pedidos, o sapatinho posto na janela, a expectativa pela hora de abrir os presentes, o sorriso sincero estampado no rosto.
Ele, João Pedro, que decida quando tiver os seus filhos, o que fazer com a figura do Papai Noel. Eu já me decidi: ele existe. E, chega pilotando seu trenó puxado por um monte de renas aladas. Ah, e quando possível, entra pela chaminé.

domingo, 14 de outubro de 2007

Que saudades do Balão Mágico
por Elano Ribeiro-texto publicado na revista "Cronicas Cariocas" - www.cronicascariocas.com
Quando você se torna pai, passa a ser comum receber convites para ir a festas de crianças. Acabo de chegar de uma que me trouxe uma nostalgia danada dos tempos da “Turma do Balão Mágico” (super fantástico amigo/que bom estar contigo no nosso balão...). As crianças que estavam nessa festa – mesmo as com mais de dez anos – com certeza nunca ouviram falar nesse tal balão. Que pena! Elas estavam ouvindo algo que eu, particularmente e, felizmente, não conseguia compreender totalmente, mas dizia alguma coisa perto de “os prostitutos... rebolando até o chão... empina a bundinha”. Pra se der uma idéia da coisa, assim que cheguei ao local, o aniversariante – que estava comemorando seu terceiro ano de vida – levantava sua camisa acima do peito e, com a outra mão no joelho, rebolava quase até o chão. Para minha felicidade, meu filho de apenas quatro meses ainda não consegue enxergar a menor graça em nada disso – ao contrário da maioria dos adultos que estavam no local, se divertindo por verem seus filhos, mesmo que ingenuamente, requebrando os quadris obscenamente, ao som de uma música (?) de muito mau gosto – e dormiu logo em seguida.

Dia desses, enquanto eu procurava num site de cifras para violão, músicas infantis – aquelas feitas para crianças mesmo – encontrei um comentário de um dos colaboradores do site, com relação a um hit do “Trem da Alegria” – trem do quê? perguntarão os nascidos após a década de oitenta. Ele dizia: “Essa letra é do tempo em que se fazia música para crianças”. E é verdade meu amigo saudosista, como era bom e gostoso ouvir Juninho Bill e seus amigos cantando letras inocentes. Inocência que fazia um sucesso incrível nas festas de aniversário, inclusive. Até nas matinês carnavalescas era possível encontrar versões das músicas desses grupos, e de tantos outros artistas que conseguiam, sem a necessidade de letras apelativas, fazer a alegria das crianças, e também dos adultos. Mas saiba meu amigo desconhecido, que ainda tem gente fazendo música exclusiva para crianças. O problema é que as rádios não tocam. Eu sempre cito como exemplo, a cantora e contadora de histórias Bia Bedram. Que trabalho bacana essa moça faz. No entanto, muitos pais jamais ouviram falar dela. E seus filhos, muito menos.

Alguns pais devem se perguntar: “como não deixar que meu filho se contagie por essa mania, quase nacional, de dançar e cantar músicas(?) que não fazem sentido algum?” Infelizmente, eu também não sei a resposta. Talvez, umas das alternativas, fosse procurar na TV programas infantis – eles existem, podem acreditar. E, já que é pra sentir saudades, eu tenho mais uma: Daniel Azulay e a Turma do Lambe-Lambe, com seus personagens e desenhos. Como era divertido sentar de frente pra TV, com cartolina e lápis de cor em punho, arriscar a copiar os desenhos que ele ensinava a fazer, e depois ganhar os elogios de minha mãe em relação à “obra de arte” do filho. Outra sugestão senhores pais: procurem ouvir músicas de qualidade, pois, certamente, já será um grande incentivo para que seus filhos comecem a observar que existem sons melhores do que esses que eles andam ouvindo, desde tão cedo.