quarta-feira, 28 de maio de 2008

"Quando ele acordou, o dinossauro ainda estava lá."
(Augusto Monterroso, escritor guatemalteco)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Uma rosa para os AMIGOS virtuais
(crônica de elano ribeiro, publicada na revista eletrônica "Crônicas Cariocas" - www.cronicascariocas.com)

Ilustração de Francci Lunguinho (blog Zumbido Literário)

Gosto de ler Rubem Alves. E depois de vê-lo e ouvi-lo pessoalmente, passei a gostar também da pessoa Rubem Alves. Pena que meu contato com o criador tenha sido infinitamente menor do que é com a sua criação, ou seja, com os seus textos e livros. Quem nunca leu esse – em minha opinião – sensacional escritor, deve fazê-lo rapidamente, pois certamente, ao final da leitura, ficará com a sensação de “quero mais”. Seus escritos simples, diretos e cheios de poesia, são “saborosos” e facilmente digeridos.

Dentre tantos textos do Rubem Alves, há um que, sempre que eu converso na Internet com algum AMIGO virtual, me vem à cabeça. Não estou me referindo àquelas pessoas que a gente adiciona aos montes na nossa lista de “amigos” do Orkut, passa uma pequena mensagem uma vez por ano na data do aniversário do indivíduo e nunca mais volta a saber dele ou dela. Mas sim, aos AMIGOS de verdade, amizade no sentido próprio e mais amplo possível da palavra.

E podem acreditar: grandes amizades nascem na Internet. Às vezes, elas florescem através de uma simples troca de e-mail, e aos poucos vão se consolidando. Afinidades vêm à tona, e com o passar do tempo se ganha mais confiança e tem-se a necessidade de estar o mais próximo possível do AMIGO. Mesmo que essa proximidade se traduza tão somente em longas conversas através do MSN. Uma câmera pode ajudar na sensação de que o outro está logo ali, quase ao alcance das mãos. Essas amizades sinceras, conquistadas através da NET, podem ser poucas, mas isto não é diferente no mundo real.

O texto do Rubem Alves, em questão, chama-se “Uma árvore para Ladon Sheats”, e está presente no livro de crônicas “Um mundo num grão de areia”. Nele, o escritor conta que possui um jardim encantado, onde planta árvores para os amigos que morrem, e ao saber da doença incurável do amigo Ladon, ele lhe escreve uma carta perguntando-o se concorda que um pinheiro canadense, recém plantado, receba o seu nome. “Assim, quando alguém me perguntar pelas razões daquele nome, eu contarei a sua estória...” – diz Rubem Alves, na carta enviada ao amigo longínquo.

O Norte Americano Ladon Sheats e Rubem Alves tornaram-se grandes amigos, porém nunca se encontraram pessoalmente. Correspondiam-se através de cartas, tendo, no máximo, conversado uma única vez, por telefone.

Daí eu associar a crônica aos meus AMIGOS virtuais, ou vice-versa. Felizmente, todos eles estão gozando de plena saúde. Mas me angustia a idéia de talvez, a exemplo de Rubem Alves, nunca ter a chance de conhecer pessoalmente todas, ou algumas dessas pessoas que eu aprendi a chamar de AMIGO, e que de certa maneira se fazem tão próximas, mas geograficamente estão tão distantes.

Não possuo espaço na minha pequena casa para ter um jardim encantado, onde eu possa plantar árvores, mas começo a pensar na possibilidade de cultivar rosas, e cada broto surgido será batizado com o nome de um AMIGO virtual.

domingo, 18 de maio de 2008

A morte veste fantasias
(por elano ribeiro)

Eis que chega a morte
Fantasiada de desculpas
- Foi um tiro
- Mas poderia ter sido uma faca
- Ou então uma corda
- Uma overdose de remédios, um lago, uma linha de trem.

Talvez uma fantasia
Mais poética
- Morreu de amor
- Apaixonado
- Triste, pelo amor não correspondido.

Ou ainda, quem sabe,
Uma fantasia heróica
- Morreu lutando
- Defendendo seus ideais
- Um bravo, não se calou perante a morte.

Mas, seja qual for a desculpa
- A dos bravos guerreiros
- A dos poetas apaixonados e sonhadores
- Ou, a dos desesperados, que buscam no suicídio um pouco de paz e descanso,
Ela, morte, nunca terá uma bela fantasia.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O site Crônicas Cariocas e o Centro de Cultura da Universidade Castelo Branco promovem o "1° Concurso de Crônica Cariocas". As inscrições irão até o dia 02 de junho. Cada participante poderá concorrer com cinco crônicas. Para saber mais sobre o concurso e o regulamento é só acessar o link, enviar um e-mail para concurso.cronicascariocas@gmail.com ou entrar em contato pelo telefone (21) 7849-5585.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

"Passear pela vida é não estarmos quietos no passeio a vê-la passar"
(Miguel Barroso, poeta)

domingo, 11 de maio de 2008

Sinopse Sinopse Sinopse Sinopse
Aos meus amigos
(livro de Maria Adelaide Amaral - Editora Globo, 336 pág.)

'Aos meus amigos' tem como tema central um dos principais da literatura de todos os tempos - a amizade. A amizade, porém, se aqui rima com 'fraternidade e solidariedade', não rima necessariamente com felicidade. A história do romance, baseada em fatos reais da vida da autora, se articula em torno de um leito de morte. Na verdade, de um leito de suicídio, o do escritor e publicitário Leo (inspirado em Décio Bar, amigo da escritora, a quem o romance é dedicado). É o seu suicídio que, no agitado ano de 1989, mobilizará a retomada da 'velha turma', que vivera intensamente os ideais da esquerda nos anos da ditadura militar brasileira (1964-1985). Um reencontro feito também de desencontros, inclusive políticos. Após o suicídio de Leo, seus amigos reúnem-se para velar o corpo e tentar manter viva sua memória, enquanto procuram os originais de um livro que teria deixado. Romance ágil, grandemente baseado em diálogos, mais do que em descrições, os fatos e personagens são, então, construídos e reconstruídos por referências e reminiscências, como nas conversas reais. É a palavra falada, enfim, que reina no romance, assim como na vida.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Mães com M maiúsculo
(Por Elano Ribeiro. Crônica publicada na revista eletrônica "Crônicas Cariocas" - www.cronicascariocas.com)

Ilustração de Francci Lunguinho (blog Zumbido Literário)

Dizem por aí, que mãe é tudo igual, só muda o endereço. Discordo disso. Acho que cada uma tem a sua particularidade, o seu “que” a mais ou a menos, são todas ímpares. São como o nosso DNA – cada mãe é única.

No entanto, quando se trata do tão falado amor incondicional, quase todas elas são, realmente, muito iguais. Digo quase todas, porque existem mães que não nasceram para serem mães. Algumas até insistem, mas não tem jeito, não é delas. E ser mãe com M maiúsculo não é uma opção, é algo que a mulher traz consigo desde o seu nascimento. Não estou simplesmente falando sobre o fato de serem elas, as principais responsáveis pela perpetuação de nossa espécie. Isso seria um ato extremamente machista – além do que, não podemos nos esquecer, em hipótese alguma, das mães adotivas, que adotam os filhos, mas não o amor que sentem por eles. Esse amor está nelas, sempre esteve. As crianças apenas farão com que esse nobre sentimento comece a fluir em grandes e infinitas proporções. Falo sobre o ato inato da entrega, do se dar o tempo todo. Essa doação do amor incondicional é que, infelizmente, não está presente em algumas mães.

Mas estas, ao que parece, felizmente, não são maioria. A maior parte de “nossas” mães, são as tais com M maiúsculo. São capazes de trabalhar fora o dia todo e, ao chegarem em casa, ainda se jogarem no chão – sem o menor sinal de cansaço – para brincar com suas crianças durante um bom tempo. O sorriso, o abraço e todos os carinhos possíveis e imagináveis que entregam aos filhos são impressionantemente sinceros e espontâneos.

Dificuldade no dever de casa? Chamemos a mãe. Sente dores, está triste, precisa conversar? Mãe. Mãe, presente o tempo todo em nossas vidas. Se para os pais, os filhos sempre serão “as nossas crianças”, para as mães, os filhos sempre serão “os meus bebês”. Ao menor sinal de perigo elas correm e oferecem seus colos. Mesmo que, muitas vezes, nós filhos, não consigamos entender e respeitar tamanho cuidado e preocupação constante, isso para elas não importa. Negue seu colo uma vez, e elas lhe oferecerão outras tantas vezes quanto acharem necessário – ou seja, todos os dias.

Elas, as com M, nunca se afastam, nunca se ausentam, nunca fecham totalmente os olhos, nunca renegam, nunca desencanam de suas preocupações com os filhos. Acho mesmo que elas nem dormem. Muito provavelmente, seja por isso que, na tão comum frase “filho feio não tem pai” não haja espaço para elas. Para as mães os filhos sempre serão lindos. São bandidos: “são lindos, são meus”; são problemáticos: “são lindos, são meus”; são frequentemente tachados e marcados (os homossexuais, os viciados, as prostitutas, os tatuados, os cabeludos, os de “vida alternativa”...) por parte da nossa sociedade: “são lindos, são meus”. Elas nunca desamparam. Felizes aqueles que têm mães com M maiúsculo.

terça-feira, 6 de maio de 2008

"A coisa mais importante a ser ensinada para as crianças é que o Sol não se levanta ou cai. É a Terra que gira ao redor do Sol. Depois, ensinar-lhes os conceitos de norte, sul, leste e oeste, e que elas se relacionam com o lugar onde estão no planeta. O resto é consequência."
(Richard Buckminster - 1895/1983)

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Mantra
(poesia de *Miguel Barroso)

Extâse não é sentir-te
Extâse é sentir que me sentes
A felicidade flecha-te
rapidamente
de mim para ti
e o extâse passa a ser teu
ocupa-te
ecoa

Os suores param
momentaneamente
os nossos cardíacos
e o extâse sai de nós
fica
nu, o amor

E a lembrança
dos tempos futuros
sorri

* para ler outras poesias de Miguel Barroso, visite o blog A Seiva - www.aseiva.blogspot.com