quinta-feira, 24 de abril de 2008

Onde andará Bia?
(crônica de elano ribeiro, publicada na revista "Crônicas Cariocas" - www.cronicascariocas.com)

Arte: Francci Lunguinho (blog Zumbido Literário)

Alguns leitores, ao se depararem com o título dessa crônica, poderão lembrar do romance “Onde Andará Dulce Veiga?” do saudoso Caio Fernando Abreu. Dentre estes “alguns”, provavelmente haverá aqueles que dirão: “O Elano plagiou o título do Caio”. E é verdade mesmo, eu confesso: a idéia surgiu por causa do livro em questão – maravilhoso, por sinal.

“Onde andará Dulce Veiga?” conta a história de um jornalista – personagem sem nome – que passa uma semana inteira numa busca frenética e às vezes obsessiva por uma famosa cantora dos anos cinqüenta, que desapareceu misteriosamente quando estava no auge de sua carreira. Quem gosta de uma boa ficção e ainda não leu esse excelente livro do Caio Fernando Abreu, não deve perder tempo, leia imediatamente.

Mas o que Dulce Veiga tem a ver com Bia? Nada, absolutamente – pelo menos que eu saiba. A Bia dessa crônica é a companheira de Léo, da música “Léo e Bia”, do menestrel Oswaldo Montenegro. Foi assistindo ao DVD “Intimidade”, lançado recentemente, que a minha curiosidade em saber onde andará Bia veio à tona. Até então, eu achava que Léo e Bia eram um casal saído da imaginação do Oswaldo, dois meros personagens fictícios. Mas não, eles são pessoas de carne e osso.

Fui saber disso porque as músicas no DVD “Intimidade” são intercaladas por depoimentos ou comentários do próprio cantor, de músicos que o acompanham nos shows e também por amigos. Eles contam histórias da vida de Oswaldo e de como surgiram determinadas músicas. Entre os amigos, está Léo. Porém, ele sempre aparece sozinho, inclusive durante o making of. Bia, nunca está ao lado dele. Ela simplesmente não aparece em momento algum. Léo, conta que Oswaldo Montenegro fez a música Léo e Bia como presente de casamento pra ele. Portanto, vem daí minha pergunta: onde andará Bia?

Fiquei pensando em tudo o que poderia ter acontecido com a “famosa” companheira de Léo. A julgar pela letra da música, a história de amor entre os dois é linda. Teria um amor que superou até as dificuldades impostas pela geografia (“como se não fosse tão longe, Brasília de Belém do Pará...”) acabado? Pode ser que sim. Mas se foi esse desfecho que teve o casal – que antes mesmo de eu saber que era real já me emocionava toda vez que eu ouvia a música –, prefiro não saber.

Que outros destinos Bia poderá ter tido? Ainda está com Léo, mas por ser muito tímida preferiu não aparecer nas gravações do DVD? No dia do casamento, depois de ouvir o presente que havia ganhado, fez uma rápida análise de seu relacionamento e descobriu que não amava tanto assim, e por isso desistiu de viver ao lado de Léo? Ou será – tomara que não – que Bia já não está mais fisicamente entre nós?

Cheguei a pensar na possibilidade de enviar um e-mail para o “criador” de Léo e Bia, pra que ele, talvez, pudesse saciar minha curiosidade. Mas desisti. Acho melhor ficar na dúvida, pois o que quer que tenha acontecido com Bia, será muito real, muito humano. E pra mim, essa realidade, essa humanidade, não cabe na linda e poética história de amor cantada tão docemente por Oswaldo Montenegro. Quero acreditar que Bia foi fazer uma breve viagem num submarino no lago Paranoá, e daqui a pouco estará de volta, pra continuar vivendo ao lado de seu grande amor.

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