O amor na sua forma poética e cotidiana
(texto de Elano Ribeiro, publicado na revista "Cronicas Cariocas")
Como em toda história de amor, um dia eles se conheceram. A convivência diária os aproximou. Os dois se apaixonaram. Os dois deixaram de lado as diferenças de suas crenças. Os dois foram viver na mesma casa, e levaram consigo uma bagagem com muitos sonhos. Os dois sonhavam e se amavam. Os dois se fizeram três. Os dois dançavam na sala logo após o café da manhã ao som de Miles Davis, se abraçavam e se emocionavam. Os dois brincavam como se crianças fossem. Os dois dividiram tantos problemas que já não sabiam dizer quais foram os mais difíceis de superar. Os dois também já tiveram e têm suas muitas alegrias. Os dois têm dívidas, mas também têm a música que ele toca com seu violão. Os dois são tão cúmplices que isso fica claro até para um estranho. Os dois querem uma vida melhor, com direito a prazeres que vão além do sexo. Os dois ainda têm o sexo, mas até ele já ficou restrito a poucos sons e limitado a certos horários. Os dois ainda sonham muitos sonhos, mas já não compartilham dos mesmos sonhos.
Ele passou esses longos anos de união deixando claro para a esposa que a ama acima de qualquer suspeita, porém sente desejos por outras mulheres. Ela parecia aceitar tudo numa boa, afinal tem a cabeça aberta, é bonita e segura de si. Ele nunca a traiu, a não ser por uns papos na internet, mas isso ainda não ficou claro para ele se é traição ou não. Ela é mais velha, tem os pés no chão, mas não quer dizer que não seja uma sonhadora. Ele tem alma de adolescente, apesar de não ser, e é um sonhador nato. Ela é avessa ao mundo virtual, ou pelo menos passa essa impressão. Ele tem um perfil maneiro no Orkut e seu quadro de amigos virtuais é composto, em sua maioria, por lindas mulheres. Ela começa a rever seus conceitos de mulher liberal. Ele precisa mais do que nunca que a mulher reveja esses conceitos e se torne ainda mais liberal, mas pelo andar da carruagem isso é um tanto difícil. Ela começou a achar que ele está perdendo o interesse por ela, no seu rosto já há as marcas do tempo. Ele nunca disse não para uma noite de sexo com ela, mas não sei se o corpo que ele vislumbra é sempre o dela. Ela o enxerga como um super-homem. Ele tem certeza que é um super-homem. Ela parece viver presa no seu pequeno mundo de dona de casa. Ele viaja com facilidade através de sua poesia. Ela quer ser apenas a mulher de seu marido fiel. Ele quer andar sem destino com a mochila nas costas. Ela acha que a separação pode ser a melhor saída para se evitar mais sofrimentos. Ele quer continuar casado. Ela chora. Ele chora. Os dois se amam.
O texto poderia ser uma ficção, mas é realidade de um casamento. E quantos outros casais não vivem a mesma realidade? Eu participo desse teatro da vida real, compartilhando com ele suas dores, dúvidas e angústias. Mas também vislumbro suas esperanças, mesmo que ele não fale delas, ou talvez, nem mesmo saiba que elas ainda vivem em seu coração de poeta.
Ele passou esses longos anos de união deixando claro para a esposa que a ama acima de qualquer suspeita, porém sente desejos por outras mulheres. Ela parecia aceitar tudo numa boa, afinal tem a cabeça aberta, é bonita e segura de si. Ele nunca a traiu, a não ser por uns papos na internet, mas isso ainda não ficou claro para ele se é traição ou não. Ela é mais velha, tem os pés no chão, mas não quer dizer que não seja uma sonhadora. Ele tem alma de adolescente, apesar de não ser, e é um sonhador nato. Ela é avessa ao mundo virtual, ou pelo menos passa essa impressão. Ele tem um perfil maneiro no Orkut e seu quadro de amigos virtuais é composto, em sua maioria, por lindas mulheres. Ela começa a rever seus conceitos de mulher liberal. Ele precisa mais do que nunca que a mulher reveja esses conceitos e se torne ainda mais liberal, mas pelo andar da carruagem isso é um tanto difícil. Ela começou a achar que ele está perdendo o interesse por ela, no seu rosto já há as marcas do tempo. Ele nunca disse não para uma noite de sexo com ela, mas não sei se o corpo que ele vislumbra é sempre o dela. Ela o enxerga como um super-homem. Ele tem certeza que é um super-homem. Ela parece viver presa no seu pequeno mundo de dona de casa. Ele viaja com facilidade através de sua poesia. Ela quer ser apenas a mulher de seu marido fiel. Ele quer andar sem destino com a mochila nas costas. Ela acha que a separação pode ser a melhor saída para se evitar mais sofrimentos. Ele quer continuar casado. Ela chora. Ele chora. Os dois se amam.
O texto poderia ser uma ficção, mas é realidade de um casamento. E quantos outros casais não vivem a mesma realidade? Eu participo desse teatro da vida real, compartilhando com ele suas dores, dúvidas e angústias. Mas também vislumbro suas esperanças, mesmo que ele não fale delas, ou talvez, nem mesmo saiba que elas ainda vivem em seu coração de poeta.
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