sexta-feira, 27 de abril de 2007

Poema incendiário
(por Elano Ribeiro Baptista)

Arde no meu peito
A chama dos incompreendidos
Arde e queima o último
Resquício do menino inocente
Queima a lembrança do Eu
Criança indo para a escola com
Papai e mamãe à frente
O incêndio se alastra
E chega à minha boca
Que cospe como maçarico
Salivas incandescentes
Que se misturam com as lágrimas
De um choro gelado
Provocado pelas incertezas
Formando rochas que
Entopem os poros
Da minha pele já desgastada
E ressecada pelas nuvens
De fumaça que escurecem
Meus pensamentos
Ardentes nas brasas do desejo
Que certamente os inquisidores
Da moral colocarão para
Queimar na fogueira acessa
Com o fogo do meu corpo
Que é fogo da paixão
Paixão que não é exclusiva
Paixão que é de todo aquele
Que comigo desejar caminhar
Sobre as cinzas quentes e ardentes do desejo.

Um comentário:

Chico da Kombi disse...

"Não há vivos. Há os que morreram e os que esperam a vez"
(Carlos Drummond de Andrade)