domingo, 9 de setembro de 2007

Número um quatro três
(por Elano Ribeiro)

... deixa de ser machista, Paulo Renato. Não adianta insistir, Maria Rita, isso não é coisa de homem e eu não vou fazer. Pois fique sabendo o senhor, que uma revista super conceituada, que agora eu não me lembro o nome, publicou o resultado de uma pesquisa sobre sexo, e oitenta e cinco por cento dos homens entrevistados disseram já ter feito o nº 143, e a grande maioria gostou muito. Ah, qual é, Maria Rita!? A revista é tão conceituada que você nem se lembra o nome dela. Um pequeno lapso de memória, Paulo Renato, só isso. Tá bom vai, aposto que eles não entrevistaram nem vinte homens sequer. Poxa, Paulo Renato, vamos pelo menos experimentar. Se você não gostar a gente pára. Eu já disse que não, Maria Rita. Isso não é justo. Quando eu te dei de presente o livro “203 maneiras de enlouquecer um homem na cama” você disse que nós iríamos praticar todas as etapas do livro. Acontece, Maria Rita, que nas outras cento e quarenta e duas eu não precisei passar por nenhum constrangimento. Que constrangimento, Paulo Renato? É nossa intimidade, e além do mais ninguém vai ficar sabendo. E como é que eu vou encarar meus amigos lá do futebol depois disso? O que é que seus amigos têm com isso, Paulo Renato? Você não vai contar nada pra eles. É, mas e se algum deles olhar pra mim e desconfiar do que aconteceu? Sei lá, vai que meu jeito de andar fica diferente. Pára de falar besteira homem de Deus. Isso, Maria Rita, Deus, Ele não fez o homem pra esse tipo de coisa. É, seu engraçadinho, e nem as mulheres foram feitas pra isso também, no entanto, vocês homens adoram a idéia. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, não é, Paulo Renato? Maria Rita, se coloca na minha posição. Eu já me coloquei meu amor, e é por isso que eu até já providenciei um gel maravilhoso, indicação de uma amiga. Você contou pra sua amiga essa sua idéia maluca, Maria Rita? Não, meu amor, eu disse que quem vai usar o creme sou eu. Ah, menos mal. Além do mais, quando a gente chegar ao nº 149 eu é que vou precisar desse cremezinho, não é mesmo, Paulo Renato? Hummm, o nº 149 vai ser um espetáculo, Maria Rita. É, vai ser um espetáculo se você antes fizer o nº 143, porque se a gente pular esse, meu amor, pode esquecer as outras tantas maneiras que vão restar pra gente fechar esse “best seller” do sexo. Vai fazer chantagem agora, mulher? No amor vale tudo meu bem. Tá bom, Maria Rita, nós vamos fazer o nº 143, mas oh, é só porque eu não quero ficar sem o nº 149, só por isso hein! Paulo Renato, meu amor, eu sabia que você não iria me decepcionar. Vou lá buscar o tal creme... Maria Rita, faz esse negócio bem devagar hein! Pode deixar, meu amor, relaxa e aproveita, ou melhor, goza, como costuma dizer nossa ministra... Ai, Maria Rita. Ai, Maria Rita. Ui, Maria Rita. Tá ruim, meu amor? Pra dizer a verdade, até que tá gostoso. Tá vendo, Paulo Renato, eu não falei que ia ser bom, meu amor. Nossa, Maria Rita, isso é bom demais, parece que eu vou decolar. Paulo Renato... Não pára, Maria Rita. Paulo Renato... Mais rápido, Maria Rita. Paulo Renato... Eu não tô me agüentando, Maria Rita. Pedro Renato, já chega, assim já é demais. Maria Rita, pode me dizer por que você foi parar justo na hora “h”? Porque eu tô achando que você tá gostando demais, Paulo Renato. Enlouqueceu, Maria Rita? Você queria porque queria fazer esse negócio, agora que eu topei e tava gostando você quer parar mulher. O problema, Paulo Renato, é que você não tá só gostando, você tá delirando de prazer, tá adorando. Não é mesmo, Paulo Renato? Ah, Maria Rita, o que é que você quer dizer com isso mulher? Olha aí, olha aí a tua voz? Que tem minha voz? Você tá afinando a voz, homem de Deus. O que? Paulo Renato, Paulo Renato, sua família não merece esse desgosto.

Nenhum comentário: