quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Uma grata surpresa
(crônica de Elano Ribeiro, publicada na revista eletrônica Crônicas Cariocas)

Caros leitores. Após algumas semanas longe das páginas desta revista, cá estou eu novamente. Minha ausência se deu por um motivo nobre: a produção do curta-metragem “Cachorro-Quente Vodu”, baseado no conto homônimo, de minha própria autoria, e que foi selecionado para participar do projeto Revelando os Brasis – Ano III. E o que eu vou escrever aqui, é exatamente sobre um dos momentos dessa experiência. Esse texto é um agradecimento a todos aqueles que junto comigo estão construindo o “Cachorro-Quente Vodu”.
Desde o momento em que comecei a pensar nas gravações do curta, havia algo que muito me preocupava: o número de figurantes que iriam comparecer no local das filmagens, ou seja, num ginásio de futebol de salão. Precisaríamos de um grande número deles para compor a arquibancada e fazerem o papel de torcedores. Começamos a nossa “caça aos figurantes” pelas escolas, convidando alunos e quem mais estivesse interessado em participar. Depois partimos para grupos de teatro, familiares etc. Detalhe importante: todos teriam que ficar à nossa disposição durante um sábado e domingo inteiros, hora empolgados, hora tristes, afinal seriam eles os torcedores de um time que começa o jogo a todo vapor e, depois vai perdendo todo o ímpeto do começo da partida. E teriam de fazer isso sem ganhar um tostão.

E para dar mais crédito a minha preocupação, quando voltávamos nas escolas para recolher as dezenas de fichas que lá havíamos deixado, nas mãos de “empolgados” alunos, quase sempre tínhamos a ingrata surpresa de receber somente meia dúzia delas. O pânico (o meu pânico) ia crescendo e tomando conta de mim, a tal ponto de pela primeira vez na vida perder o sono durante boa parte de uma madrugada dessas.

Com temor ou não, com insônia ou não, o tempo passou (e como passou depressa!), e o dia das gravações chegou. Mesmo tendo em mãos o número pré-estipulado de “Termos de Autorização para Veiculação de Imagem e Voz” (burocracia necessária), havia no ar a possibilidade de contarmos com um número mínimo de figurantes. Passava por nossas cabeças a experiência com os alunos das escolas por nós visitadas: primeiro a nossa empolgação por ver o interesse da “rapaziada” em querer participar; depois a decepção ao constatar que o interesse continuava somente com uns poucos, muito poucos. Havia ainda um outro complicador: o dia amanheceu chuvoso. Sim, o ginásio era coberto. Mas – pensava eu – quem é que vai sair do conforto de seu lar num sábado chuvoso?

Ainda bem que as boas surpresas fazem parte de nossas vidas. Antes mesmo do horário combinado para que as pessoas chegassem ao local das gravações, já havia um amontoado de figurantes na entrada do ginásio. Em pouco tempo já tínhamos uma longa fila formada por crianças, adolescentes, adultos, senhores e senhoras. Meu temor foi se dissipando e dando lugar a uma euforia que se transformava, aos poucos, na certeza de que tudo daria certo. E deu mesmo. As pessoas, todas elas, demonstraram uma grande, uma imensa boa vontade em colaborar. Além disso, era notória a alegria por parte daqueles que ali estavam. Filmamos por dois dias seguidos e ao final ficamos com o prazeroso gostinho de “quero mais”. Todos nós estávamos felizes. Todos, sem exceção.

O curta “Cachorro-Quente Vodu” está gravado. Agora estamos na expectativa para ver o resultado final, a junção das imagens tão belas, coloridas e alegres. Aguardamos a edição na expectativa de termos nas mãos um trabalho áudio-visual de qualidade. Mas independente do “Bom” do “Regular” ou do “Ruim”, acredito que um dos principais objetivos do projeto Revelando os Brasis foi alcançado: o de termos conseguido mobilizar centenas de pessoas dos mais diversos segmentos da nossa comunidade. E isso foi, para todos nós, uma grata surpresa.

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