domingo, 14 de outubro de 2007

Que saudades do Balão Mágico
por Elano Ribeiro-texto publicado na revista "Cronicas Cariocas" - www.cronicascariocas.com
Quando você se torna pai, passa a ser comum receber convites para ir a festas de crianças. Acabo de chegar de uma que me trouxe uma nostalgia danada dos tempos da “Turma do Balão Mágico” (super fantástico amigo/que bom estar contigo no nosso balão...). As crianças que estavam nessa festa – mesmo as com mais de dez anos – com certeza nunca ouviram falar nesse tal balão. Que pena! Elas estavam ouvindo algo que eu, particularmente e, felizmente, não conseguia compreender totalmente, mas dizia alguma coisa perto de “os prostitutos... rebolando até o chão... empina a bundinha”. Pra se der uma idéia da coisa, assim que cheguei ao local, o aniversariante – que estava comemorando seu terceiro ano de vida – levantava sua camisa acima do peito e, com a outra mão no joelho, rebolava quase até o chão. Para minha felicidade, meu filho de apenas quatro meses ainda não consegue enxergar a menor graça em nada disso – ao contrário da maioria dos adultos que estavam no local, se divertindo por verem seus filhos, mesmo que ingenuamente, requebrando os quadris obscenamente, ao som de uma música (?) de muito mau gosto – e dormiu logo em seguida.

Dia desses, enquanto eu procurava num site de cifras para violão, músicas infantis – aquelas feitas para crianças mesmo – encontrei um comentário de um dos colaboradores do site, com relação a um hit do “Trem da Alegria” – trem do quê? perguntarão os nascidos após a década de oitenta. Ele dizia: “Essa letra é do tempo em que se fazia música para crianças”. E é verdade meu amigo saudosista, como era bom e gostoso ouvir Juninho Bill e seus amigos cantando letras inocentes. Inocência que fazia um sucesso incrível nas festas de aniversário, inclusive. Até nas matinês carnavalescas era possível encontrar versões das músicas desses grupos, e de tantos outros artistas que conseguiam, sem a necessidade de letras apelativas, fazer a alegria das crianças, e também dos adultos. Mas saiba meu amigo desconhecido, que ainda tem gente fazendo música exclusiva para crianças. O problema é que as rádios não tocam. Eu sempre cito como exemplo, a cantora e contadora de histórias Bia Bedram. Que trabalho bacana essa moça faz. No entanto, muitos pais jamais ouviram falar dela. E seus filhos, muito menos.

Alguns pais devem se perguntar: “como não deixar que meu filho se contagie por essa mania, quase nacional, de dançar e cantar músicas(?) que não fazem sentido algum?” Infelizmente, eu também não sei a resposta. Talvez, umas das alternativas, fosse procurar na TV programas infantis – eles existem, podem acreditar. E, já que é pra sentir saudades, eu tenho mais uma: Daniel Azulay e a Turma do Lambe-Lambe, com seus personagens e desenhos. Como era divertido sentar de frente pra TV, com cartolina e lápis de cor em punho, arriscar a copiar os desenhos que ele ensinava a fazer, e depois ganhar os elogios de minha mãe em relação à “obra de arte” do filho. Outra sugestão senhores pais: procurem ouvir músicas de qualidade, pois, certamente, já será um grande incentivo para que seus filhos comecem a observar que existem sons melhores do que esses que eles andam ouvindo, desde tão cedo.

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