terça-feira, 20 de maio de 2008

Uma rosa para os AMIGOS virtuais
(crônica de elano ribeiro, publicada na revista eletrônica "Crônicas Cariocas" - www.cronicascariocas.com)

Ilustração de Francci Lunguinho (blog Zumbido Literário)

Gosto de ler Rubem Alves. E depois de vê-lo e ouvi-lo pessoalmente, passei a gostar também da pessoa Rubem Alves. Pena que meu contato com o criador tenha sido infinitamente menor do que é com a sua criação, ou seja, com os seus textos e livros. Quem nunca leu esse – em minha opinião – sensacional escritor, deve fazê-lo rapidamente, pois certamente, ao final da leitura, ficará com a sensação de “quero mais”. Seus escritos simples, diretos e cheios de poesia, são “saborosos” e facilmente digeridos.

Dentre tantos textos do Rubem Alves, há um que, sempre que eu converso na Internet com algum AMIGO virtual, me vem à cabeça. Não estou me referindo àquelas pessoas que a gente adiciona aos montes na nossa lista de “amigos” do Orkut, passa uma pequena mensagem uma vez por ano na data do aniversário do indivíduo e nunca mais volta a saber dele ou dela. Mas sim, aos AMIGOS de verdade, amizade no sentido próprio e mais amplo possível da palavra.

E podem acreditar: grandes amizades nascem na Internet. Às vezes, elas florescem através de uma simples troca de e-mail, e aos poucos vão se consolidando. Afinidades vêm à tona, e com o passar do tempo se ganha mais confiança e tem-se a necessidade de estar o mais próximo possível do AMIGO. Mesmo que essa proximidade se traduza tão somente em longas conversas através do MSN. Uma câmera pode ajudar na sensação de que o outro está logo ali, quase ao alcance das mãos. Essas amizades sinceras, conquistadas através da NET, podem ser poucas, mas isto não é diferente no mundo real.

O texto do Rubem Alves, em questão, chama-se “Uma árvore para Ladon Sheats”, e está presente no livro de crônicas “Um mundo num grão de areia”. Nele, o escritor conta que possui um jardim encantado, onde planta árvores para os amigos que morrem, e ao saber da doença incurável do amigo Ladon, ele lhe escreve uma carta perguntando-o se concorda que um pinheiro canadense, recém plantado, receba o seu nome. “Assim, quando alguém me perguntar pelas razões daquele nome, eu contarei a sua estória...” – diz Rubem Alves, na carta enviada ao amigo longínquo.

O Norte Americano Ladon Sheats e Rubem Alves tornaram-se grandes amigos, porém nunca se encontraram pessoalmente. Correspondiam-se através de cartas, tendo, no máximo, conversado uma única vez, por telefone.

Daí eu associar a crônica aos meus AMIGOS virtuais, ou vice-versa. Felizmente, todos eles estão gozando de plena saúde. Mas me angustia a idéia de talvez, a exemplo de Rubem Alves, nunca ter a chance de conhecer pessoalmente todas, ou algumas dessas pessoas que eu aprendi a chamar de AMIGO, e que de certa maneira se fazem tão próximas, mas geograficamente estão tão distantes.

Não possuo espaço na minha pequena casa para ter um jardim encantado, onde eu possa plantar árvores, mas começo a pensar na possibilidade de cultivar rosas, e cada broto surgido será batizado com o nome de um AMIGO virtual.

Um comentário:

Anônimo disse...

Plante sim, caríssimo amigo. Já que a sermente ficou germionada com este magnífico post. Abraço!